Tenho aqui atravessado na garganta
corpo estranho que levanta pulsante
arde, lateja como quando inflamado
vezes até queima roupa pele sonhos
os ossos se tornam gelo inquebrável
mas derrete ao menor sopro morno
e continua cá dentro esse vil monstro
crescente se alimentando em cadeias
insone incipente, ora inerte ora inerente
irreverente em seus fins vitais e inúteis
passa reto não pára sequer para sentar
olhar, ouvir, responder, conversar (comigo)
nas manhãs, nas tardes de outros chás
cafés e inhoque da sorte e do azar (o seu)
atravessa torpe, lancinante, desalmada
bem no meio do pescoço a minha aorta
25.6.11
4.6.11
Não sabe nem pregar um botão!
Como se perde um botão num de seus furos?
Um cisco num olho ciclópico
Uma pedra no sapato de um ex-bípede
E atravessado por agulhas, sigo costurado à sua casa
Alinhavado forte junto ao tecido já poído
Como se foi perder a cabeça?
Como um botão se perde num de seus furos?
16.05.11
Um cisco num olho ciclópico
Uma pedra no sapato de um ex-bípede
E atravessado por agulhas, sigo costurado à sua casa
Alinhavado forte junto ao tecido já poído
Como se foi perder a cabeça?
Como um botão se perde num de seus furos?
16.05.11
suave
como um nó no cabelo quando passa o vento
leva tudo, folha, poeira, besteira e a umidade do ar
deixa os dedos presos nas pontas ao trançá-los
e tranca na alavanca das horas pré-solares
matizes de beges que se cromam com carmins
entumescidos de azul do céu, enrubescidos de pó
xadrez nas sombras cruzadas das telas de metal
listradas nas entrelinhas das venezianas das clausuras
está lá, presente, elo, amálgama de fios tão libertos
cada um com um destino reverso de cafunés
Fenda
Faca afiada a içar-me pelas fendas
E abrir-me ao meio, à força, abatida pelo corte
Um ponto pulsante cada vez mais tão pequeno
Para conter em si tamanho negro
Se houvesse asas mas só há hélices
Girando centrífugas como um liquidificador
Num eixo absurdo e fundo e feio
E a liquefazer o tudo agora daqui a pouco nada
E todo seu conteúdo de um buraco negro
A esvair-se por um ralo porque finito
A vazar-se pelos poros porque limitado
A perder-se no pulso de cada segundo segundo
(apresse-se)
E dilatando pupilas como no escuro
Escuro do buraco, do ralo, do umbigo
16.05.11
E abrir-me ao meio, à força, abatida pelo corte
Um ponto pulsante cada vez mais tão pequeno
Para conter em si tamanho negro
Se houvesse asas mas só há hélices
Girando centrífugas como um liquidificador
Num eixo absurdo e fundo e feio
E a liquefazer o tudo agora daqui a pouco nada
E todo seu conteúdo de um buraco negro
A esvair-se por um ralo porque finito
A vazar-se pelos poros porque limitado
A perder-se no pulso de cada segundo segundo
(apresse-se)
E dilatando pupilas como no escuro
Escuro do buraco, do ralo, do umbigo
16.05.11
Assinar:
Postagens (Atom)