4.6.11

Fenda

Faca afiada a içar-me pelas fendas

E abrir-me ao meio, à força, abatida pelo corte

Um ponto pulsante cada vez mais tão pequeno

Para conter em si tamanho negro

Se houvesse asas mas só há hélices

Girando centrífugas como um liquidificador

Num eixo absurdo e fundo e feio

E a liquefazer o tudo agora daqui a pouco nada

E todo seu conteúdo de um buraco negro

A esvair-se por um ralo porque finito

A vazar-se pelos poros porque limitado

A perder-se no pulso de cada segundo segundo

(apresse-se)

E dilatando pupilas como no escuro

Escuro do buraco, do ralo, do umbigo



16.05.11

Nenhum comentário: