24.5.05

Éramos suaves

Durma um amor noite linda
porque bem amanheceremos
trocados em fábulas e espáduas
exalando o cheiro da essência
mesma comum conhecida
precisa no amplo olfato do mundo
sinto a lua preencher-me na testa
por detrás da imagem venerada
a voz a falhar-me retesada
e seu braço forte ausente
a têmpora vibrante tremula
colada na cama de quem ama
ainda comumente

23.5.05

Imperdoáveis

A vida pode ser tudo e nada
ou qualquer coisa e qualquer caso
mas não me trate com descaso
desprezo desamor desvelo de novo
nem deixe-me livre ao poder do acaso
que seja mais que livre arbítrio
ou firme calço...
o sabor do homem com quem me caso
e seja impassível tal destino
a desafiar os planos da gravidade
e proposta grave desfia-se
o fio das parcas memórias
acontecidas inconsoláveis
apenas em planos críveis
mentalmente impossíveis
velozes mentiras banais
são mais que pouco troco
e menos que tudo o mais
que se perdeu tão! atrás
antes de qualquer passo

7.5.05

Insólita manhã de todo dia

eu admiro quem pensa como respira e nao há
de se apegar ao raciocínio porque ele se esvai com o ar....
me fogem sempre as palavras mas não as persigo
porque sou tão livre quanto elas

5.5.05

O Quarto

as estações em você se sobrepõem
e sobre cisões, circunferências
giram e ceiam ad infinitum
e sobretudo as fogueiras
sobre a pele não há nada ademais
de umidade oceânica
que nos diz vindos de lá
e oráculos da chuva vindoura