22.9.06

...implacável

sabes... que o que tanto me aflige
e somente o tanto de tudo que sabes
é o quanto também deveras sentes...

do indelével se faz a memória
de tremas e traumas na história
breve pausa entre pancadas de chuva

pastilha delicada debaixo da língua,
arranha a pele e a seda debaixo da luva
entre o grito surdo à força sufocado
quando vem na onda quente de saliva
entre o estourar das ondas nos meus quadris
a engolir-me os pés e a boca do estômago.

no âmago de tudo o que tanto me impunge
nestas horas solitárias, no rolar inox dos dígitos
no paladar bem acompanhada pelo luto
pelo perspassar da espuma, das nuvens e dos sonos
da pulsação se acalmando após o tanto...
quanto será indelével?