17.6.08

Edemasiado

Saia rodada
Franzindo, franzindo, vem me contorna
Que meu viés se esgarça bem na curva
Que posso inchar cada vértice e extrair pólen
E fazer mapas de curvas de nível topográficas
Contra a ampola e o seu conteúdo finito das coisas
Sob todo ampére de eletricidade impassível
Contida nos cabelinhos da tua nuca
Gravidez
E vigília

Petróleo

O sol soa morno e brisa
Presa no tempo contíguo no ventre
Como risada contra o seio
Dando voltas em ciranda
Vozes ao longo de alguns passos
Velozes, uma e outra buzina e motor
Movimento de carros e aviões
Se fechar os olhos enxerga-se azul
E poá de nuvens...
Brincadeiras de crianças
E pais chamando pra escola
Propaganda de porta em porta
Pipoqueiro, sorveteiro
O som do sol é denso igual coca-cola

Momentâneo

Instante
Fazer lugar, fazer sentido, e ninho
Cada filigrana, haste, graozinho
Minúsculo linho
Por um triz ou cisco
A poeirinha vira pingo, um pontinho
Desmancha o cenho sobressaltado
Breve, matutino, no calor da revirada
Instantâneo, e aprazível permuta
Épico e palpitante,
Em pele saliente e amadeirada

6.6.08

Limo

na lucidez das passagens estreitas
onde as coisas precisam se enfileirar
pequenas e espessas, vezes densas
que vezes fogem, outras ficam
fincando. Raízes e chifres.

Antes

Antes...
Ancestral,
Nesta região das minhas lembranças
Ecoa incompletude
Erro visceral,
Como um abacate sem caroço
Ou pitanga, que seja
Um átomo descalço, vagando...
Um paletó sem corpo e cabide
Terno, na informalidade de uma trança desfeita
O peito entregue no vão das horas
Medula, coluna, uma carreira de tricô
Escapando da agulha
Por entre os ponteiros e portas.