vens
te aproximas mais
que eu irei te sussurrar
...aquele segredo
que este, não é assunto pra voz alta,
e, senão, não ouso macular o vão do silêncio
me entregues assim ao acaso
sem usar das cordas vocais
sem emitir dos sons o menor
a ferir as partículas sensíveis do ar
revelarei o teor deste mal parado ensaio
pela umidade dos meus olhos apenas
pela respiração curta da tua curiosidade
nos meus cabelos novos, arrepiados na nuca
no balançar do pêndulo das horas mornas desta lua
a percussão primitiva da pulsação tua
na ponta dos dedos cheio de púrpura
que nunca, tocaram nem ousarão meu pescoço
enfim esperou na paz de todo descanso
que eu preenchesse tuas lacunas
em manuscrito, de próprio punho
o espaço hiato entre as palavras -
a casa do botão caído e não reposto -
não proferidas, entre parênteses
não procuradas quando ele fugiu
escorregadio, propício, oportuno
na ambiguidade da sombra diagonal na fronteira
e há contudo um denominador comum
entre o teu contorno e os meus limites
há implícito nesta temperatura um convite
acima de todo vocabulário inteligível
incorporar as confluências dos limiares
na aterritorialidade deste indistinto negativo
lugar que sobra desta tão tátil cinestesia
a proximidade crescente e oculta
da tua orelha à minha boca muda e úmida
pra te dizer do amor do mundo
21.6.07
13.6.07
quilate
veio a mim noite passada
o homem que eu esperava
por toda a vida e mais a última
de cada uma das derradeiras
e roubou-me assim a direção
o leme, o norte, tamanha sorte
e pôs-me à prova, reparou-me
aferiu-me, os traumas dissipou-me
quantos quilates vale meu lastro?
quantos graus me inclino sobre?
meu termômetro acusou febre
mas é só calor do amor que trago
invasor... ora um corpo estranho,
deveras habitual, dentro, fundo,
vem de longe, sim sutil,
mas nem tanto quanto meteórico
pois que, metafórica, eu sigo
meus cristaizinhos eu empresto
só não os quebre; mas se caírem
eu perdôo, pelo simples fato
de que cristais se quebram mesmo
enquanto o fogo sopra, tua língua me fala
e me levanta, ao tempo de se deitarem
noite, ouro e sereno.
08.06.07
o homem que eu esperava
por toda a vida e mais a última
de cada uma das derradeiras
e roubou-me assim a direção
o leme, o norte, tamanha sorte
e pôs-me à prova, reparou-me
aferiu-me, os traumas dissipou-me
quantos quilates vale meu lastro?
quantos graus me inclino sobre?
meu termômetro acusou febre
mas é só calor do amor que trago
invasor... ora um corpo estranho,
deveras habitual, dentro, fundo,
vem de longe, sim sutil,
mas nem tanto quanto meteórico
pois que, metafórica, eu sigo
meus cristaizinhos eu empresto
só não os quebre; mas se caírem
eu perdôo, pelo simples fato
de que cristais se quebram mesmo
enquanto o fogo sopra, tua língua me fala
e me levanta, ao tempo de se deitarem
noite, ouro e sereno.
08.06.07
chorume
grade fenda por entre
os dedos, escorres
pelo ralo, águas pluviais
a céu aberto ou galerias
corre denso rumo àlgum
mar, baixio, várzeas, falésias
empoça, coágulo, vaza e verte
vicejante seiva última.
08.06.07
os dedos, escorres
pelo ralo, águas pluviais
a céu aberto ou galerias
corre denso rumo àlgum
mar, baixio, várzeas, falésias
empoça, coágulo, vaza e verte
vicejante seiva última.
08.06.07
Venoso
porcelana branca e leite
pires raso rola e soa
aquele desjejum no inverno
sobressaltam-me as veias
azuis e espessas de tanto
veludo vinho tinto e quente
08.06.07
pires raso rola e soa
aquele desjejum no inverno
sobressaltam-me as veias
azuis e espessas de tanto
veludo vinho tinto e quente
08.06.07
Pelo, pele e poro
quisera te consumir
na naturalidade da sede
beber água.
na fissura da seca
absorver terra reticulada
superfície árida, e
aerando teus poros
dedos por entre os cabelos
enraizar textura
separar os pelos da pele
deixar minhas digitais
teu corpo inteiro
08/06/07
na naturalidade da sede
beber água.
na fissura da seca
absorver terra reticulada
superfície árida, e
aerando teus poros
dedos por entre os cabelos
enraizar textura
separar os pelos da pele
deixar minhas digitais
teu corpo inteiro
08/06/07
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