26.4.07

v e r m e l h o

eu me lancei a teus braços
tal atirar-me loucamente sobre só nuvens
em espessas camadas de frívola densidade
eu despenquei estratosferas
meu corpo saltou - livre - rumo ao chão
sem teto, sem limite, sem amparo
a favor, tão somente, a gravidade
sugando feroz todo movimento ao centro visceral
tu me regeste, embriagado me devoraste
e da antropofagia absolveu-se
satisfeito, fartamente de mim serviu-se
e morreu da minha hemorragia.

09.04.07

Mariposinha

eu tricotei o meu cordão, a minha corda
enrolada no pescoço
a minha forca
ao meu redor teci meu casulo de fino fio
de linha de lã de algodão
a gramatura deste papel facilmente rasgável
a aspereza da tua digital
a precariedade da nossa natureza
cachecol
o tamanho da teia o tamanho da aranha a dimensão do teu grão de areia
a presa no tentáculo a veia secou o nó na madeira na garganta congelada
sem pressa
largou mão de mim? largou-me lagarteando no escuro das depressões e furúnculos
bordei cada mancha solar num piscar de olhos eterno
após um orgasmo de luz e clarão
cerrei-me, encerrei-me
as sardas ferruginosas das trancas maculando a vulnerável superfície venerada
poderosa mariposa a hibernar no inverso e depois ingênua bater as asas
poderosa.

08.04.07

18.4.07

pisando de leve

se alguma vez eu caí,
com vontade de me atirar,
inevitável tropeçar...
pisada firme, pés contrapesados
de quem quer afundar
para quem quer submergir...
para quem quer levitar!
pudera tropeçar!!
para quem quer, de amor, tombar
a terra singir, o céu alcançar...
caio, caio, caio e descubro saber voar,
mil pés abaixo do céu,
não passa do chão quem quer apenas se deitar.

09/12/99

Hasta mi cintura

eres para mi un precioso segredo
que olvidaste a mi abrochado

como se fuera un cordón
de ti
hasta mi umbigo

como un cinturón de seguridad atado a mi cintura

y de tan cerca
se queda dientro
mientras todo o más afuera de nosotros
sigue afuera deste mondo

09.03.07
vôo panamá-san juan