30.10.05

velho escaravelho

Entre meus dois olhos se abre e ancora
Feixe de luz e memória me encanta
Como se fosse para o vão a ponte
Como se nada impedisse a passagem
E livre e mirabolante serpenteia a paisagem
De caules, flores, origens e horizontes
Planos inclinados me atravessam e imantam
Como espelhos jogados entre a prata e o agora
Doura porém finais de sóis nos teus cabelos
E da pele brota penugem por demais madura
Parecem fios ou raios de lucidez e cura
A idade consta apenas como dado
Não escrito, nem documentado ou parecido
E nas fibras da tua carne pelo tempo amaciada
Que eu me refiro nestas linhas desta vez por tal figura
Parar a queda de vertigem, veio ao fundo e a mim
Ingressando de repente na imagem
Perfeita, ressonante, labiríntica, amante
Poderia se tornar meu escaravelho
Protegendo meu egípcio segredo
Que ama a cada cheiro que persegue
Como se não houvesse medo, fim ou desespero


08/03/01

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