12.12.11

corvo

pássaro ou anjo a mim pouco importa
quando os danos às asas são irreversíveis
onde não sei bem mas a gaiola esteve apertada
como blusa de mangas longas num verão fora de hora
ou longas horas de vigília à beira do alto dos muros
falta coragem de alçar vôo, noturno, final e eterno
rumo ao negro do espaço que nos separa
você me acolheria no seu abraço?
pousar-te-ia indolor tal borboleta
no alicerce do teu segredo
são altas horas e não consigo dormir
porque faz muito silêncio
borbulha lava cada vez que aperto
os olhos, os passos, as palmas das mãos
loucura seria pensar que os fatos regem a verdade
nada significa tanto quanto um vazio
o buraco do prédio demolido
a metade da cama intacta e fria
os sisos arrancados
as penas tolhidas
o vômito
o ventre

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