20.10.08

Seda

por vezes eu me perco
ao percorrer a extensão dos fios do meu cabelo,
cheios de eletricidade,
como a seda, quando encosta no que é pele,
a sensorialidade linear e fria,
de um olhar paralelo ao infinito,
sem pupilas, dilatado,
por outras, me deixo mesmo fracionar,
pas, sivamente,
como se cada pé fosse a uma direção,
e eu me ramificasse em muitas pontas,
de todos os dedos,
com os quais eu pudesse tocar,
manusear e unir,
impressões, digitais e oculares,
num caleidoscópio de abstratos,
fugindo por cada poro,
como pólen no vento,
levada por insetos,
como se minhas veias, em vazão máxima,
fossem mapa geográfico partido,
tantas avenidas, ruas, vias sem saída,
convergindo todas em trânsito lento,
se perdendo no tempo e num cisma,
em algum, em algum ponto,
da extensão dos fios do meu cabelo.

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