21.6.07

convite

vens
te aproximas mais
que eu irei te sussurrar
...aquele segredo
que este, não é assunto pra voz alta,
e, senão, não ouso macular o vão do silêncio
me entregues assim ao acaso
sem usar das cordas vocais
sem emitir dos sons o menor
a ferir as partículas sensíveis do ar
revelarei o teor deste mal parado ensaio
pela umidade dos meus olhos apenas
pela respiração curta da tua curiosidade
nos meus cabelos novos, arrepiados na nuca
no balançar do pêndulo das horas mornas desta lua
a percussão primitiva da pulsação tua
na ponta dos dedos cheio de púrpura
que nunca, tocaram nem ousarão meu pescoço
enfim esperou na paz de todo descanso
que eu preenchesse tuas lacunas
em manuscrito, de próprio punho
o espaço hiato entre as palavras -
a casa do botão caído e não reposto -
não proferidas, entre parênteses
não procuradas quando ele fugiu
escorregadio, propício, oportuno
na ambiguidade da sombra diagonal na fronteira
e há contudo um denominador comum
entre o teu contorno e os meus limites
há implícito nesta temperatura um convite
acima de todo vocabulário inteligível
incorporar as confluências dos limiares
na aterritorialidade deste indistinto negativo
lugar que sobra desta tão tátil cinestesia
a proximidade crescente e oculta
da tua orelha à minha boca muda e úmida
pra te dizer do amor do mundo

Um comentário:

Milton De Biasi disse...

Paixão é tensão criativa ao cubo !
Bem bonito May ! Só o trecho entre "que nunca...até...fronteira" acho que há um desvio de sentidos e imagens que não tem a mesma magia dos versos anteriores e posteriores...!!!??
...fora isso é bem apaixonado e bonito !!
Bjs
Milton