veio a mim noite passada
o homem que eu esperava
por toda a vida e mais a última
de cada uma das derradeiras
e roubou-me assim a direção
o leme, o norte, tamanha sorte
e pôs-me à prova, reparou-me
aferiu-me, os traumas dissipou-me
quantos quilates vale meu lastro?
quantos graus me inclino sobre?
meu termômetro acusou febre
mas é só calor do amor que trago
invasor... ora um corpo estranho,
deveras habitual, dentro, fundo,
vem de longe, sim sutil,
mas nem tanto quanto meteórico
pois que, metafórica, eu sigo
meus cristaizinhos eu empresto
só não os quebre; mas se caírem
eu perdôo, pelo simples fato
de que cristais se quebram mesmo
enquanto o fogo sopra, tua língua me fala
e me levanta, ao tempo de se deitarem
noite, ouro e sereno.
08.06.07
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