7.3.07

Areal

quero que meu corpo seja terra
elevou-se do pó, virou areia
do rio, do mar, banhou sereia
deitar e ser horizonte calmo

insinuar relevos, conspirar acidentes
saltos e quedas ou planícies distantes
saltar as quedas, planejar as planícies
extrair a lava profunda, conquistar superfícies

almejar picos mais altos, garimpar diamantes
dominar as correntes, sulcando constantes
render-se às estações, devastar-se com o vento
encharcar-se quase humano de sedento

tremer quantos graus na escala aquela!
tombar soberana o que não passa do chão
ser da noite seu colchão, receber sementes cruas
ou mudas em rama e ser fértil ao homem que se ama

o desejo corre por mim como sombra que cobre,
deita e estende-se como a chuva que ameaça, lavar, levar
enxurrada, como fera no frenesi da caçada
quero pegadas, plantações, sobrehumana, paralela.

15/04/99

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