O que mais me admira é o que mais me assusta
Em você, em mim, é o que não se vê, e assalta
Tudo o que lhe fez querer mais
Lhe querer bem, me querer mal
Vai ser tão triste este natal
Porque sentirei saudade da sua falta
A sua presença me toma feito obsessão
E o ar que respiro raro e feito é meu pulmão
Chego e minhas chagas rasgam por dentro
Vai e minhas veias arrebentam de tensão
Quanto mais prendo a respiração
Mais sinto seu perfume derramado
Procuro nos pescoços, pulsos e impulsos
E é única e simples a conclusão, lamento
O teu cheiro impregnou no meu corpo
Não passa com chuva banho ou sono
Nem com a estação, do ano, do rádio, do trem
Nem com lágrimas nem com tempo
Vem tomar-me como sua algum outro
Quando lento abro meus olhos
Vejo suas costas dentro do meu abraço
Quando estendo os braços você me acorrenta
Quando tento dormir você me atormenta
E se no esforço de levantar seu vazio me derruba
Quando aperto meus olhos
sua alma suave se encosta...
26/10/98
mais ou menos 18:40
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