20.1.06

vestido negro rodado

O que mais me admira é o que mais me assusta
Em você, em mim, é o que não se vê, e assalta

Tudo o que lhe fez querer mais
Lhe querer bem, me querer mal

Vai ser tão triste este natal
Porque sentirei saudade da sua falta

A sua presença me toma feito obsessão
E o ar que respiro raro e feito é meu pulmão

Chego e minhas chagas rasgam por dentro
Vai e minhas veias arrebentam de tensão

Quanto mais prendo a respiração
Mais sinto seu perfume derramado

Procuro nos pescoços, pulsos e impulsos
E é única e simples a conclusão, lamento

O teu cheiro impregnou no meu corpo
Não passa com chuva banho ou sono

Nem com a estação, do ano, do rádio, do trem
Nem com lágrimas nem com tempo

Vem tomar-me como sua algum outro
Quando lento abro meus olhos

Vejo suas costas dentro do meu abraço
Quando estendo os braços você me acorrenta

Quando tento dormir você me atormenta
E se no esforço de levantar seu vazio me derruba

Quando aperto meus olhos
sua alma suave se encosta...

26/10/98
mais ou menos 18:40

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