24.10.05

Espartilho

De querer a todo tempo te pretender
não ouso mais prender-te em mim
a mim parece mais razoável deixar
quieto, calado, estável, ermo, enfermo
distante e longínquo como num sonho
na lembrança de um deja vu em dia branco
tenho que deixar-te em paz e para trás
quando queria o teu cheiro a preencher o peito
tenho que deixar-te ir, sem vir, voltar
não há lugar quando nada pára no estômago
sem saber o que vem depois do inferno
e depois de amanhã antes de chorar
assim que abrir meus, os olhos pesados
e perceber-te: ... ausente, passado
juro que vou caminhar no ritmo mesmo
exato com o qual tu me amavas
tenho que deixar-te soar o som lento
dos teus batimentos e ser só tua natureza
a música que eu danço sozinha. Sozinha.
porque escuto reverberar... ao meio a me partir
e por fim, fingir, deixar de deixar-te existir

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