26.4.07

Mariposinha

eu tricotei o meu cordão, a minha corda
enrolada no pescoço
a minha forca
ao meu redor teci meu casulo de fino fio
de linha de lã de algodão
a gramatura deste papel facilmente rasgável
a aspereza da tua digital
a precariedade da nossa natureza
cachecol
o tamanho da teia o tamanho da aranha a dimensão do teu grão de areia
a presa no tentáculo a veia secou o nó na madeira na garganta congelada
sem pressa
largou mão de mim? largou-me lagarteando no escuro das depressões e furúnculos
bordei cada mancha solar num piscar de olhos eterno
após um orgasmo de luz e clarão
cerrei-me, encerrei-me
as sardas ferruginosas das trancas maculando a vulnerável superfície venerada
poderosa mariposa a hibernar no inverso e depois ingênua bater as asas
poderosa.

08.04.07

Nenhum comentário: