25.3.07

Jejum

Meu fantasma negro e noturno
tem nome, e pulso tom de voz e de pele
tenho as senhas todas dos teus músculos
mas não tem apelido nem gentis abreviações
- que, como a dor da ausência tua, não diminuta -
É.

Firma na mente, sentado, estacado
como um mantra, e perverso
comando, palavra sagrada e íntegra
indivisível nas sílabas e sons que reverbera

E na entorpecência nada volátil
que não mata-me! nem fortalece-me!
portanto apenas vem a colher-me como flor recém-caída
diante da insistência das tuas pálpebras

Das combinações alfanuméricas o infinito
para um único e inestimável segredo
guarda poder no tórax quando pronuncia
a cada anagrama das tuas letras embaralhadas
leio sempre teu nome mesmo silente

Senha para tão óbvio enigma dispensa inteligência
função vital, se faz frugal, impaciente e abstrato
faz-se incontrolável! o pensamento vira crença, e minha!
como deus que eu própria invento meticulosamente
para adorar na intimidade íngreme das minhas estrelas

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro ler o que vc escreve , é profundo e orgânico, toca no coração e na alma ,é para sentir, escreva , sempre....