16.12.05

Ventríloquo

Se eu te dissesse...
E se eu disser e dissecar
Toda emoção e secar
Com meus cabelos
Fio a fio fibra por fibra
Retomar o controle
Dos meus punhos
E da minha pulsação
De quando e quanto
Meus olhos lacrimejarem
Quisera
Ter sido tão amada
Qual a altura da tua testa
Saber das salinas que eu produzi
Da saliva que eu gastei
Tentando te convencer da umidade
da tua humilde visão
Me desesperou
Óbvia
Eu estava na tua cara
Eu quis lhe ser cara
Mesmo tendo nada
Saí falida
Ou enobrecida?
Puro sangue azul do céu
O amor esta nas moléculas
Do ar, cada vez que respirar
Me apaixonar, engravidar
Do ser humano
Gerir vida, gerar gérbera
Reverbera em partículas
Elementais
Se eu te disser
Te o homem da vida
Minha seria a dor do mundo
Inteiro que parte ao meio
Gravitacionais
Continente
Contendo o volátil
Frívolo, volúvel, fugindo
das mãos por entre os dedos
Solúvel
Retorcida, distorcida na tormenta
Contorceu-me no comprimento
Dos músculos mais alongados e tensos
Até a última gota
Depósito no meu umbigo
Ventríloquo
Voraz

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