26.9.05

Armarinho

Você sempre foi apocalíptica
zíper, sianinhas, carretéis
de linha, lilás e azul
transpassa, perspassa, viés
trapézio, tubo e godê
franze a sua linda testa
arremata meu coração
quero que me costure a você
seus dedos na minha mão
sua boca no meu queixo
minha nuca no teu peito
furo o meu indicador
ao pensar na minha paixão
tire a medida da cintura
e me costura bem apertado
aos quadris, aos botões
para que nunca solte os pontos
para que nunca solte a renda
nunca laceie a fazenda
o nó fique bem atado
que nós façam mil encontros

19/02/99

Nenhum comentário: